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Entretenimento e Indústrias Culturais

16h-17h30

> Maria do Rosário Pestana (INET-md) Comicidade e anticlericalismo em discos de 78 rpm, nas primeiras décadas do século XX

 

Nos discos comercializados nas primeiras décadas do século XX em Portugal, impressiona, aos ouvidos de hoje, a quantidade de canções satíricas, humorísticas e de crítica social. O estudo que irei apresentar aborda o modo como o disco registou e disseminou uma prática em curso em diferentes contextos performativos, não exercendo censura aos conteúdos de comicidade veiculados. Com esta abertura, distinta da indústria de partituras, alastrou às massas e ao consumo privado o registo da comicidade. O caso em estudo ilustrou uma dimensão do disco, nessas primeiras décadas do século XX, que não tem sido explorada, revelando que o disco não se esgota no impacte comercial/industrial e no culto do lazer (Morton 2006). Como procurarei documentar, além dessas dimensões, o disco e a comicidade constituíram uma infraestrutura que permitiu enfrentar a ordem estabelecida.

> Manuel Deniz Silva (INET-md)   A introdução do cinema sonoro em Portugal e o seu impacto nas indústrias da música

 

A emergência progressiva, nas primeiras décadas do século XX, de novas modalidades de reprodução mecânica do som (fonografia, rádio, cinema sonoro), veio reconfigurar profundamente os circuitos de produção e difusão musical. A partir do exemplo do filme A Severa (1931), de Leitão de Barros, esta comunicação procurará explorar as novas dinâmicas de circulação musical introduzidas pelo cinema sonoro, na sua articulação com o teatro de revista, a difusão radiofónica e a edição de partituras e fonogramas. 

> Pedro Moreira (INET-md) Institucionalizar o entretenimento: a construção do vedetismo na Emissora Nacional de Radiodifusão (1935-1950)

 

As indústrias transnacionais da música influenciaram e enformaram muitos modelos performativos locais. No caso da emissora oficial do Estado, esses modelos foram institucionalizados e integrados nas linhas gerais das políticas de programação dos seus directores, em particular durante a administração de Henrique Galvão e António Ferro. A instrumentalização do “entretenimento”, com a americanização de alguns modelos, como o caso das Irmãs Meireles, foi central na adaptação de repertórios com melodias presumivelmente nacionais, mas utilizando o “imaginário internacional”, em particular durante a administração de António Ferro. Esta comunicação propõe uma leitura atenta da questão do “entretenimento” no âmbito da Emissora Nacional, revelando um campo de propaganda que não passou despercebido nas opções dos decisores.

> Gonçalo Antunes (INET-md)   O Teatro de Revista na década de 1940: Pós-Guerra e o vazio empresarial no Teatro Popular Ligeiro na era pré-Vasco Morgado

 

 A década de 1940 foi marcada por profundas mudanças a nível histórico e no que respeita ao tecido empresarial do Teatro Popular Ligeiro em Portugal. O fim da Segunda Guerra Mundial permitiu um brevíssimo aligeiramento da Censura aplicada ao mais apreciado género teatral português – o Teatro de Revista – obrigando o Estado Novo a criar novas estratégias no que à sua Política Cultural concernia, no caso em questão, aplicadas ao Fado e ao Teatro de Revista. Por outro lado, esta década assinalou igualmente a morte de António de Macedo, principal empresário de Teatro Popular Ligeiro em Portugal, a sucessão do seu sócio e coreógrafo Piero Bernardón e a sua fuga do país. Esta sequência de acontecimentos criou um vazio empresarial que viria a ser preenchido pelo empresário Vasco Morgado até 1978. Esta comunicação procurará destacar estes e outros elementos desta Indústria do Espectáculo nos anos 1940 na cidade de Lisboa, procedendo a um breve levantamento do Teatro de Revista a partir da Base Dados construída no âmbito do trabalho de pesquisa da minha dissertação de Doutoramento presentemente em redacção.

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